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Arqueado Sobre o Nada

  • Foto do escritor: Eduardo Worschech
    Eduardo Worschech
  • 10 de jan. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: 19 de jan. de 2023




Uma vacância de dois decênios foram suficientes para que a certeza do desamor pousasse em seu peito. Migrante de bem próximo, colonizada pela ignomínia serviçal, dos pés duros se fizeram rochas. A sutileza quando caiu, predecessores a colheram, subiram e desceram escadas para nutri-la. Da migrante, outros decênios se encarregaram de encanecer sua forma, mantendo intacto tudo que poderia entufar seu intelecto; nada mesmo pôde ali se instalar.

Fâmulo pelo tempo que lhe passou, pensou- se ser a mãe no resvalo de uma herança; deixou de ligar sua despossessão ao valor que dali se lapidou.

A manutenção de uma suposta irmandade sempre se calçou no simplório fator da parentalidade, o que se mostrou uma quimera alimentada por tempo superior a própria existência da crença que tal ser pudesse um dia ter um vir a ser pujante.

Sobressalto pernicioso, onde toda semana ali estava, consolidado pelo vinagre em demasia, e as carnes magras engelhadas.

No tempo tudo isso foi- se, nada de contagens puderam ser feitas, não pela rapidez, mas pelo soturna decadência compartilhada entre todos; extensão por todas as vidas. Desafortunadamente uma vida se espichou, abriu todo o braço alcançando muito a sua volta, infelizmente; uma cadeia se formou no triste momento congelado dos invernos de inópia orgulhosa e manutenção de uma esguia vida material.

Esta enfermidade se assentou em conformidade com a sensação de desapego e desaproximação emocional, mesmo com as condições matérias sustentáveis. Um átimo permanente, contraditório em relação as águas que tudo levam, e que expurgam as mazelas pela límpida aparência com que ela se traveste. Esta vida fez se carne na herança do ninho alheio, aquilo de sutil e promissor foi penhorado com a certeza da dívida ser paga. Perdeu- se tudo, sempre acontece aqueles que não valorizam seu passado.

Passado nesta minoritária vida não passa de um tempo subjetivo que se esvaiu por sobre os dedos, marcas de rugas na face; cansaço atualizado. Sutil e precioso, resultado do aleatório do destino, cultivado assim seria como dádiva perene e sempre resguardada.

Mas, como as máculas tornam- se por exaustiva obsessão uma identidade, transmitiu- se ao que seria o eterno despertar da vida; o brilho radiante que cativaria tudo e a todos, conjugação de tudo majestoso na natureza; mas nada disso foi preservado.

A entrega chegou num território inóspito, guerra eternizada pelos interiores vazios. Um dilúvio poderia agora salva-los, submergindo para todo o sempre o mau gosto e a pesada existência com que marcaram a fogo aquela soberba herança que a tudo poderia ser.

Um transe manteve conservado muito daquilo que de fato é aquele rebento de extasiada potência, tamanha que sua sobrevivência permitiu que a estória pudesse ser reescrita, agora já passado tantos verões, que a pele cansada esconde a criança que um dia foi.

Por sobre os ombros, pode virtualmente vislumbrar um mundo outro, nutrido parcialmente pelos ascendentes, numa transição histórico emocional de 2 degraus de geração. Está lacuna ao mesmo tempo que sobrecarregou a sutil vida nascente e sua próspera proveniência cultural por algo que vive na encosta, estigma duradouro por excelência; talvez trouxe contigo um tino alçado pelos anos de chumbo e penumbra social; tristeza não tem fim.

Reviravoltas são o bálsamo dos sonhos, sonhados acordados, mesmo sem esperança que a sustente. O lastro de tudo isso foi- se enquanto matéria, fixou- se enquanto espírito. Sua presença talvez seja mais forte agora com sua distância, pois a ele se recorre com muito mais frequência do que poderia imaginar.

Os lampejos de sabedoria, imanentes por excelência, não são de forma alguma produtos de um além, mas sempre de um agora; de uma presentificação em vida, em outras vidas.

Quaisquer vulnerabilidades são o exato oposto dos orgulhosos dias de glória, com sua expansão temporal e captura territorial, flores que se colhem na primavera.

Por sobremaneira os desalentos se ampliaram, reverberaram e conquistaram subvidas. Na forma da ressignificação, intuito forte e revigorante, reescreve- se sobre as folhas marcadas um possível, provável ou reais novas estórias; há de se reconhece- las desde já, não importa onde chegar.

Se do nada não se faz, do pouco pode se fazer muito; não há limites estabelecidos a priori para que tudo aquilo que importa ainda possa ser encontrado.

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Eduardo Worschech

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