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Cobertura de Cetim

  • Foto do escritor: Eduardo Worschech
    Eduardo Worschech
  • 19 de jan. de 2023
  • 3 min de leitura


Na solitude própria do eremita urbano, que transita pelas ágoras citadinas contemporâneas e suas vicissitudes, os entraves e tropeços tem uma proeminência bastante mais proveitosa do que o morno acalento da regularidade.

Algo sentido como disfuncional ou adverso diante das horas que arrastam os ponteiros de maneira forçada, tendem a emitir um brilho que ganha sua intensidade na medida exata do incômodo na qual ele causa; pedra no sapato das sensações.


A obediência exacerbada a determinadas condutas sociais no interior de determinadas conjugações relacionais pode ser, ao invés de uma reverência a adequação historicamente localizável de padrões ideais de sociabilidade, um impeditivo na promoção de novos encontros e vivências.

Sentido de imediato como impróprio, pode fazer com que uma estação comunicacional não se desenrole, pois a sensação pode prevalecer ao vínculo satisfatório, o que pode acarretar um apagamento do encontro ou uma busca interior por uma retratação que pode ser facilmente trocada por uma fresca e leniente escapadela.


O fator de aproximação pode variar conforme as disposições de ânimo de seus interlocutores, tendo intensidades distintas, além de sua anterior intenção, o que pode sutilmente impactar as trocas como aberturas ou fechamentos.

A introdução deste dois elementos não respondem a uma lógica binária de socialização, mas meramente descreve por fazer uma descontinuada situação; múltipla em seu bojo.

As vozes que estreitam um diálogo podem de maneira acidental encontrar guarida na memória empírica-afetiva; necessário pronunciar de estreitamento pela via vivencial. Esta provisória relação se firma primeiramente pela validação a partir do ciclo vital na qual estamos biologicamente inseridos, e seu panorama vivencial de finitude e adensamento, produzindo um agregado de expectativas e realizações, numa certa perspectiva evolutiva e que perpassa nossa memória.


Quantos anos você sente ter?

Um senso subjetivo de idade pode suplantar a idade real, seja diminuindo-a ou promovendo seu contrário. Um potencial demarcatório pode se alinhar a fatores biológicos, sociais ou psicológicos. A expansão do fator psicológico carrega nos para as searas da percepção, conhecimento e memória.


Os vieses pessoais ecoam ou reverberam como ondas que se propagam de maneira difusa ou pontual. Quando tocam o outro, podem ganhar o semblante de autoconfirmação ou podem se dispersar, causando um complexo de oposição direta ou indireta.


Na contramão da tendência de sensação de juventude prolongada, nossa interlocutora nômade expressou uma debochada acepção em relação a sua idade, confirmando de maneira geral que nosso processo de vivências é marcado por uma heterogeneidade, de múltiplas direções e dimensões.

Em 1969, provavelmente o ano de nascimento da nossa ocasional falante, a psicóloga estadunidense Bernice Neugarten defendia a tese de que os grupos etários internalizariam um certo relógio social, e seus ponteiros corresponderiam à expectativa social em relação aos comportamentos adequados a cada idade. Desta forma, ocorrências de transição se tornariam parâmetros sociais para seus sensos subjetivos de idade.


Aqueles indivíduos nas quais o relógio bateu “meia noite”, já teriam experimentado um evento de transição, inclinados iam então a sentir-se mais velhos.


O espanto levou ao direto confronto, pois absorto pela voraz digressão do tempo do intelecto, se desvinculou de modo efêmero da razão comportamental, e atravessou a porta das normas sociais e seus conchavos. A resposta a esta investida abrupta foi uma continuidade dialogal amigável, com desfecho ainda por haver.

Retomando como de certo, agora passa a ser mandatório ao diletante contumaz uma nova e renovada roupagem social, pretensamente interessado nos desenlaces objetivos do jogo supostamente não-intencional dos encontros.

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Eduardo Worschech

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