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Delicadeza nas Pontas dos Pés

  • Foto do escritor: Eduardo Worschech
    Eduardo Worschech
  • 18 de fev. de 2023
  • 2 min de leitura

Atualizado: 18 de fev. de 2023

 

Arritmia emotiva ou

como ser arrastado pelo amor

 

Quão pode ser delicado o toque de finesse que se arrasta pelo solo e no curvilíneo desatar se lança contra os mais belos desígnios a brilhar.


Tudo que se faz concretiza-se num balançar, que de suave pestanejar brinda-nos em seus devaneios mais límpidos e exasperantes.


Inquieta por natureza, canaliza ao seu andar floreios que não se esvaem por fora desta trilha desenhada com esmero, de afinidade celestial e de constituição requintada, contraposição produtiva.


Se tu podes tocar o céu, condição de escrita viva de si mesmo, deve- se ao labirinto que se encontra e se desdobra, criando seus próprios caminhos e demarcando a todos com sua esbelta e prevalente beleza.


Um espaço tomado pela graça, satisfeito movimento que preenche de um furor delicado, quase um arrebatamento romântico. Se fosse possível mensurar cada instante de êxtase que esta presença permitir- nos fluir, uma íntegra geração viria tomar conta.


Abstração por intermédio, êxtase concreto; nada se desfaz por conta própria, pois na concepção mais severa das formas, o contrapeso se eleva a enésima potência do ser. Aguardo pacientemente um encontro, uma voraz escaramuça luxuriosa; sem esperança.


Um olhar não cativa a formosura da silhueta, sombra que se reveste de armadura e um grande escudo de recusa, que de tão reluzente devolve ao outro aquilo que não é seu.


Supremo valor, monumento invejado; não é medida, pois singular é sua condição que persevera como átrio de bem estar e suspiros libidinais. Se esta voluptuosidade transborda, faz se crer que ela não pode ser contida, cimo tangente do sol e da lua; vizinhos que são das nuvens e dos céus azuis.


Não é de se estranhar que o espectro da graciosidade seja leve como pluma e tão resistente quanto o amor. A intemporal  feição de triunfo, ourivesaria sutil e sem preciosismos, responde ao brilho do sorriso, que lapidado traz mais vida junto a ti.


Longo e sinuoso caminho, quantos perigos nos assaltam e quão desejosos somos de não frear. Não foi inventada uma maneira de se contrapor as palpitações enérgicas que nos assolam sem que se cause riscos ainda maiores de tropeçarmos na melancolia perniciosa.


Tudo leva a crer que deste mal não sofrerei, pois das ninfas cuido eu:

 

“Meus olhos entre o junco... além uma

figura

imortal que se banha e a cálida brancura

luminosa do corpo em onda leve imerge.

Sôbre o áureo esplendor dos cabelos converge

um claror e um fremir de fulva

pedraria!

Corro; mas a meus pés, jungidas na agonia

do langor

deste mal de serem dois em um,

vejo duas dormindo, em abraço

comum.

Como estavam tomei e trouxe a esta eminência

desamada da sombra e dela sem frequência;

aqui se esvai ao sol das rosas o perfume;

mas para o nosso embate a força aqui me assume."

 

   ( MALLARME, A tarde de um Fauno, 1865)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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