top of page

Nada Substitui uma Quebra

  • Foto do escritor: Eduardo Worschech
    Eduardo Worschech
  • 9 de fev. de 2023
  • 2 min de leitura

 

Algo partiu e não mais retornou, embrenhou-se pelo deserto adentro, e acabou por ser soterrado pela areia. Uma tempestade substituiu uma vontade e um seguir, empregando uma bainha curta e de costura rústica.


Parece não haver um confronto que permita uma disputa com os vencedores; todos perdemos inexplicavelmente. Os ingressos deste desfile foram pagos na entrada do parque, havia uma conjunção das mais variadas atividades, filhos e mães estavam lá, mas por um engano factual, pensei ter pago a entrada quando cruzei os portões, mas só fui entender que é somente na saída que se paga aquilo que se deve; com todos seus encargos.


Observo na fila alguém que poderia ser, não com olhar de inveja, mas como identificação daquilo que se partiu em mim. Admirado ali estava, sem quaisquer méritos, pois não é necessário a quem tem tudo, desde a epiderme.


Cansado dos vermelhos e dos impedimentos, passei a cruzar as linhas, talvez acreditando que eu pudesse capturar o tempo que se perdeu e que jamais retornou.


A decepção me procurou bem cedo naquele dia, chegou as 9 da manhã da vida; radicalmente prematuro para um infante com tantos passos ainda por percorrer. Condenado ao segundo plano contingencialmente, tive que me arrastar pedindo pelo fim desde então. Paradoxo instransponível não querer ser esquecido, mas na mesma dimensão, querer subsumir dos encontros.


Sina derradeira, sem esperança na mudança, sabe a cada dia que o tempo não volta, mesmo assim deseja-o incessantemente. Por mais que aparente passividade, corre de maneira frenética em seu coração, que lhe devolve a pressão com pontadas regulares; talvez uma sineta para o fim.


Uma mobilização ao seu redor prepara-se para aquele grande evento; pode ser que seja apenas um pequeno percalço; mas em seu âmago os ápices decisórios acontecem todos os dias, forçando para que se desvie de tiros, finja-se de morto e faça uma perseguição pela cidade; não como vingança, nem mesmo justiça; mas apenas como trânsito.


Dinâmica insistente, que desgasta ao ponto do esgotamento, sente que tudo seja assim, mas não deseja continuar. Como seria se apenas pela vontade tudo passasse a ser o que deveria.


Uma inquietação captura seus braços, exaustos das dores ocultas e das pontas dos dedos estalantes,  sabe-se da ascendência e da pouca idade que ali terminou. Talvez não tema pela morte, mas pela vida que se anima. Naquela morada não importa mais o que se sente, nem o que se vê; mas aqui não como lá, dois sentidos se juntam para pulsar um batimento.


Toque de alvorada cor de seda, apronta pra acordar e não levanta; desconfia do cedo e logo tarde desabafa, insensato saber se daqui a pouco tudo acaba. Um estampido choca-se com seu ouvido direito, talvez prenuncio do cataclisma vindouro. Sabe- se lá o que seja todas as voltas, mas o deserto será sempre um destino que se encerra um arvorecer.

 

 

Commenti


Green Juices

Filosofia, Educação, Arte e Ciência

Eduardo Worschech

Inscreva-se para Filosofia e Educação

Thanks for submitting!

  • Twitter
  • Facebook
  • Linkedin

© 2022 by Worschech. Proudly created with Wix.com

bottom of page