Ufanar-se da Primavera
- Eduardo Worschech
- 10 de jan. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 19 de jan. de 2023

Como qualquer relação de amizade duradoura, não nos falta momentos de compadrio e sua chave contrária, a desconfiança.
Nisto há um enigma que ronda todos que pela linguagem buscam se entender, sempre correndo o risco de serem devorados ainda ao amanhecer.
Conto uma história, pois ainda há tempo, espero eu, que a estação não mude e me leve as folhas que me aquecem.
Numa companhia estranha entre alguns jovens pupilos e um senhor de primaveras esquecidas, havia um demarcartório artifical entre as rugas na fase e a imberbe vilosidade penetrante, prenha de viveres mil e todos seus acidentes.
Esperava a juvenilidade que a destreza do passado ainda servisse de veste do futuro, não levando em conta a manifesta inadequação sazonal, foi- se o tempo. Quão implacáveis são os invernos, treme- se muito mais de fraqueza do que de frio. A juventude destemida, a indumentária outonal de maneira algumas lhes caberia, pois contraria toda vivacidade das primaveras ainda por vir.
Ao espírito jovem resplandecente, sempre guiada pela carruagem de Febo, uma propedêutica de vida nunca pode ser pensada enquanto ultrapassamentos geracionais, como se ao que virá pudesse descabidamente ser maior que ao sempre jovial presente.
Marina,Marina, “possui a estranha mania de ter fé na vida“, atribui a um olhar cansado o dom da clarividência, como se somente o tempo pudesse nos prover sabedoria. Não, de jeito nenhum.
É a mocidade que desvenda as trilhas dos campos e que avança para o interior profundo da grande floresta de ipês amarelos onde vivemos; é a epopéia derradeira da própria constituição do ser, num desgarrar- se emancipatório sempre atualizado, pois o novo é sempre o atual.
Sorte daquele que mantem- se com o frescor púbere, com o espírito leve e pequeno, pois, inocência é a criança, e o esquecimento sempre será um novo começo, uma roda a girar por si mesma, um sagrado dizer sim para a vida.
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