Uma Nova Rodada
- Eduardo Worschech
- 17 de fev. de 2023
- 2 min de leitura

Hilariante recomeço, efusiva percepção de um desastre prestes a acontecer. Esta poderia ser a descrição inicial de um enredo qualquer, com uma estrutura marcada de aberturas e fechamentos, mas o que conta é a margem de erro e as voltas que tudo dá quando este carrossel termina seu giro.
Uma percepção perpassa seus sentidos, sem quaisquer grau de importância sensorial; é a sensação de estar diante do fluxo interminável de um caudaloso rio, e que sua perspectiva tem seu nascedouro em uma rocha numa queda d’água, no delta do rio.
São toneladas tudo aquilo que passa, interminável conexão e solavancos, não sendo possível que mantenhamo-nos de pé por tanto tempo. Uma boia toma a posição de barril e desce a corredeira, com certeza mais seguro do que a aventura do equilíbrio.
Assim, uma penumbra sobrecai densamente por sob os ombros, percorrendo o corpo degradado pela angústia inebriante. Segundo órgão que não resisti, pois como filtro se desgastou pelo excesso de pesadelos a digerir.
Não são os medos e aflições que tingem a pele com ardor, talvez a crônica repulsa façam com que de cético torne-se apático, e por reverberação indiferente. Contido o olhar percorre insistente no encontrar um traço profundo de reconhecimento, de uma humanidade presente; um toque suave de presença ali, sem meias verdades ou conveniências funcionais.
Sem hesitação que pudesse pendurar-se no cabide do autoflagelo, não há vestígios de obsessões ou transtornos evidentes; a inexistência de máscaras que possam cobrir seu rosto acabam por expô-lo diante da real secessão, do abate profundo de um ser sem um consigo.
O espelho aqui não é reflexo como metáfora do conhecer, sobretudo quando olha-se todos os dias, como ritual de condenação perpétua. Se com isso tudo nada for capaz de fazer com que abram as gavetas; que tudo seja esquecido peremptoriamente, para todo sempre.
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